O Baobab (https://www.facebook.com/baobabredutoafroculturaldeniteroi/) é um projeto cultural que surgiu como uma forma de resistência negra na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Ele nasceu há dois anos do sonho dos amigos Rita Diirr, Denise Lima e Jorge “Zulu” Silva, produtores culturais engajados no movimento negro da cidade que desejavam abrir um espaço de convivência e trocas de experiência.
Com um encontro mensal, o Baobab realiza rodas de conversa, batalhas de rap e apresentações de charme e hip-hop, além de uma feira afro com barracas de moda, artesanato, literatura tranceiras, maquiladoras, culinária típica de terreiros de candomblé e umbanda e bebidas artesanais. O encontro foi pensado como um espaço para apoiar os empreendedores negros independentes ou que fazem parte da Casa do Artesão de Niterói e da Economia Solidária de Niterói, São Gonçalo e municípios vizinhos. Acontecem ainda palestras e discussões realizadas pelo Movimento Negro Unificado – MNU Niterói, parceiro do evento. Ele é realizado aos sábados, das 13h às 22h, e procura identificar, estimular e oferecer visibilidade à cultura afro na cidade Sua primeira edição foi em agosto de 2016 e, desde então, continua a ocorrer com regularidade mesmo sem financiamento público ou de empresas. O apoio que recebe da Prefeitura Municipal de Niterói e de alguns parlamentares limita-se à liberação do espaço e na montagem da estrutura.
A principal ajuda do Baboab continua a vir de várias pessoas que se identificam com o projeto e contribuem com trabalho para que o evento aconteça, inclusive de moradores das comunidades próximas. As atividades do Baobab sempre ocorreram no Centro de Niterói, primeiro numa casa na Rua Visconde de Sepetiba, esquina com Marechal Deodoro e atualmente na Praça General Gomes Carneiro, mais conhecida como Praça do Rink. Mas seus organizadores têm planosde testar um novo local, a Praça JK, com terreno mais adequado para a realização do baile charme. Algumas de suas edições chegaram a ter um público de cerca de 800 pessoas.
O nome escolhido para o reduto é uma referência a uma árvore frutífera que, segundo os organizadores, representa a força africana. Rita Diirr reforça o caráter de resistência do projeto, ao afirmar que Niterói é uma cidade que “ainda tem muito arraigado nas pessoas o patriarcado e o conservadorismo do império. “A discriminação racial é muito evidente, nas divisões geográficas e na distribuição de cargos públicos e privados com uma população de negros e pardosna base da pirâmide salarial em relação aos brancos. Sendo assim, negros moradores de comunidades, se superam criando e recriando suas culturas, ainda através de guetos. O Baobab vem pra identificar, reconhecer e mostrar um pouco da cultura afro. É um espaço de resistência, de garantia de território e de força da cultura negra. O reduto faz parceria com diversos projetos sociais, tais como o Projeto Afro Cultural Filhos do Baobah, com os “afilhados do Baobab”, crianças do Morro da Penha, em Niterói; o MAP – Mulheres Artesãs do Preventório, o Coletivo de empreendedoras Mulheres Guerreiras do Caramujo; o Coletivo Dandaras de São Gonçalo e o Instituto Gapops (Maceió-Niterói). Cada edição tem um tema relacionado ao povo negro ou ao mês. Por exemplo, março e o mês das mulheres, abri, da literatura; maio, sobre a “falsa libertação dos escravos”, além do mês das mães; julho é da mulher negra; agosto, do folclore. O projeto está aberto para todos aqueles que desejam mostrar sua arte e que lutam pela cultura como forma de transformação pessoal e social e como uma língua universal que une territórios e tem como meta identificar e reunir novos talentos. Um projeto sempre em construção, em movimento.